Envelhecimento ativo: os impactos do exercício aeróbico na saúde cerebral
- Gabriel Atoji Henrique
- 7 de mai.
- 2 min de leitura

É estabelecido na leitura que com o avanço da idade ocorrem mudanças cognitivas, como lapsos de memória e dificuldade de concentração. No entanto, práticas acessíveis como o exercício aeróbico podem desempenhar um papel essencial na manutenção da saúde cerebral ao longo do envelhecimento. Uma pesquisa conduzida por Colcombe e colaboradores na Universidade de Illinois (EUA) investigou exatamente isso, revelando impactos positivos do condicionamento aeróbico no cérebro de idosos.
A equipe realizou dois estudos. No primeiro, 41 idosos foram avaliados quanto à aptidão aeróbica e desempenho em tarefas cognitivas. Aqueles com maior capacidade cardiorrespiratória apresentaram melhor desempenho, além de maior ativação em áreas do cérebro ligadas à atenção e ao controle executivo, como o córtex pré-frontal e o parietal. Também foi observada menor ativação no córtex cingulado anterior, região que indica conflito e necessidade de adaptação, sugerindo um cérebro mais eficiente. Essas regiões do cérebro são justamente as que mais sofrem declínios com o envelhecimento.
No segundo estudo, um grupo de 29 idosos participou de um programa de exercícios aeróbicos por seis meses, os resultados mostraram não só melhora na aptidão física, como também uma redução significativa nos tempos de reação em tarefas cognitivas e aumento da ativação cerebral nas mesmas regiões destacadas no primeiro estudo. Tudo isso em comparação com um grupo controle que realizou apenas alongamentos.
Esses efeitos positivos podem estar ligados ao aumento da oxigenação cerebral, à formação de novas sinapses e à liberação de substâncias como o fator neurotrófico derivado do cérebro (FNDC), que contribuem para a plasticidade neural. A combinação desses fatores torna o cérebro mais adaptável e resiliente ao envelhecimento.
Esses achados reforçam o potencial do exercício físico como uma intervenção acessível e de baixo custo, capaz de promover autonomia, bem-estar e qualidade de vida na terceira idade. Caminhadas, pedaladas, natação ou aulas de dança leve são exemplos de atividades eficazes. Mais do que um cuidado com o corpo, manter-se ativo é uma forma de proteger o que temos de mais valioso: a mente.
Essa matéria foi elaborada sobre o artigo "Cardiovascular fitness, cortical plasticity, and aging.", publicado por Colcombe e colaboradores em Proceedings of the National Academy of Sciences, 101, 9, 3316-3321, 2004




Comentários